terça-feira, 28 de setembro de 2010

9 meses

Há cerca de 9 meses estou em São Paulo. Hoje fui fazer uma entrevista de emprego, estou uma pilha de nervos, há tanto medo em mim... E o medo veio do sonho de trabalhar naquele lugar. Quando a gente é criança ficam falando que é pra gente acreditar nos sonhos, mas e quando se torna medo? Ninguém me falou nada a respeito então fiz um poema...

Dilemas

Quantos sonhos pode ter um ser humano?
E quantos humanos é preciso pra se ter um sonho?
No instante em que se fabrica a vida
tanto é preciso a matéria viva
quanto o vão da grandiosidade imaginativa.
Os sonhos podem virar várias coisas...
Quando viram realidade, somos felizes.
Quando viram utopia, somos frustados.
Mas quando são em demasia sonhados,
viram medo, o medo que antecede a tristeza.
E tudo parece ter se findado.

Talita Kumy

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Resposta ao tempo... um mero plágio da música

Hoje, no caminho pra te vê pensei o quanto seria bom você me chamando pra ficar com você... Foi ruim te vê longe. Mas o pior é entrar em crise sem poder te contar nada. Vim pra essa cidade por dois motivos. O primeiro é a militância, jurei pra mim mesma ao vê as barbaries do estágio de nutrição clínica que era a saúde o meu caminho. O segundo é o que me mantém viva, lado a lado com a política, a arte. Hoje conversamos sobre isso, não há tempo/dinheiro para arte aqui. E hoje descobri meu poder de transformação da realidade na saúde tão insignificante, que eu acredito que doeu mais que a sua normalidade. Ao saí de Maceió, e até mesmo aqui muita gente acreditava que eu "vim por amor" ou sei lá o quê. Bem, não é bem assim. Onde estiver amarei, mas tenho a certeza que amores terminam no escuro, sozinhos. Meu amor é muito maior. Ninguém entende, e eu não tenho motivos pra me fazer entender.

E o tempo se rói com inveja de mim... Como eu morro de amor pra tentar reviver!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sem nomes, sem dores, sem fomes

Tudo de melhor que me aconteceu na vida foi inesperado, incluindo o próprio fato do meu nascimento. E assim não fora diferente. De início eu te olhava e te queria. Mas então eu descobri que o que eu via não era pra mim, e fui me convencendo disso.
Havia um outro alguém. Mesmo assim meus dias eram melhores com a sua presença, e ainda são. Até que esse "terceiro elemento" não era mais assim tão presente. Confesso que idéias e vontades me passaram pela cabeça. Todavia, nos últimos tempos eu desaprendera a me aproximar não só de você, mas de qualquer homem da face da terra. Coisas de quem se machucou, de quem precisa vivar adulta e tem apenas que trabalhar. Foi quando em uma noite você revira tudo em mim. Pulando a parte de uma noite regada a boemia, música e política, o que pra mim já era perfeito, você veio. Eu só queria te fazer uma massagem, te tocar um pouco... Então você começa a me conduzir como numa dança, era uma dança infindável de prazer. Chorei. Chorei por não acreditar em você, mas principalmente em mim, e também pelo medo do raiar do sol. E tão certo como não dá pra suspender o tempo, tudo raiou. Porém, então lúcida me embebeci de teus carinhos. Conversamos, rimos, brincamos e falamos coisas sérias, com a leveza de quem não tem relacionamentos marcados pela cobrança, idealismos ou hipocrisia. Eu sabia que o fantasma do terceiro elemento nos rondava o tempo todo, e a sua dor era um pouco minha, de minha história. Pela primeira vez não me senti usada, me senti plena. Venho pensando em você, o primeiro Homem que estive. Essa constatação ficou bem clara com o seu abraço ao nos despedirmos. Sua entrega àquele momento, e a delicadeza daqueles instantes estão guardados em mim. Acho que eu descobri o que eu quero e como eu quero me senti diante de um homem. Não posso influenciar na sua história, nem curar suas dores ou fazer do que sentimos algo mesquinho. Mas posso pensar no que aconteceu, o que por si só me basta.
Seria bastante hipocrita se negasse a vontade que ainda há de ti, porém para nós há dois caminhos. O primeiro é enveredar na amizade, no gostar muito, muito do outro, o que já acontece, e pode ser ainda mais. O segundo é enveredar no desconhecido. Isso vai depender das nossas curas, dos nossos medos, das nossas vontades. Não sei o que eu quero pra mim ainda, nem sei se é hora de me apaixonar, ou se você poderia viver uma relação calma comigo, ou se vivendo uma relação calma significa pra você sermos amigos. Caso tenha chegado até aqui, meu canto escondido, que quase ninguém vê, entendo que é por também pensar em mim. Agora que sabe o possível de saber com palavras, que a história aconteça.

Quis fazer de nós um poema,
mas todos rascunhos estavam envergonhados.
Em nossos instantes tudo era tão belo,
que as palavras todas se afugentaram.
Dedilhei alguma coisa no violão,
mas era o tom do teu gemido que faltava.
Fiquei dias à espreita daquilo... e nada.
Nem a chuva que se deu depois daquele dia,
ou os trovões relampeando se igualavam.
Talvez porque a vida não se escreve,
a vida deveras, se sente.



Com carinho,
a menina.

domingo, 5 de setembro de 2010

Poema da brotação das mães

Te deixo uns cigarros e vou viver...
Te deixo uns remorsos e vou morrer...
Te deixo um recado pra voltar...
Te deixo minha ausência quando isso acontecer.
Ainda não inventaram palavra pro pior,
e ele se aproxima e me culpa.
Não sou mais uma menina,
nem sou mulher, ainda.
Tudo tá me torturando,
a cada resposta de força que dou
parece um teste pra piorar.
Meu recanto pras dores é o exílio,
a vida que querem viver em mim
já não posso dar.
Classificam isso como meu pecado,
a isso eu chamo liberdade.
Mas não é fácil,
não é feliz,
não é compreensível amar.